quarta-feira, novembro 08, 2006

A negritude em Langston Hughes II

Negro
Sou um Negro:
Escuro como a noite,
Escuro como as profundezas da minha África.

Tenho sido um escravo:
César mandou-me limpar os degraus da sua porta.
Escovei as botas de George Washington.

Tenho sido um trabalhador:
Sob as minhas mãos ergueram-se as pirâmides.
Fiz argamassa para o Woolworth Building.

Tenho sido um cantor:
Entre África e a Geórgia
Carreguei as minhas canções de lamento.
Fiz “ragtime”.

Tenho sido uma vítima:
Os belgas cortam-me as mãos no Congo.
Continuam a linchar-me no Mississipi.

Sou um Negro:
Escuro como a noite,
Escuro como as profundezas da minha África.


Negro
I am a Negro:
Black as the night is black,
Black like the depths of my Africa.

I’ve been a slave:
Caesar told me to keep his door-steps clean.
I brushed the boots of Washington.

I’ve been a worker:
Under my hand the pyramids arose.
I made the mortar for the Woolworth Building.

I’ve been a singer:
All the way from Africa to Georgia
I carried my sorrow songs.
I made ragtime.

I’ve been a victim:
The Belgians cut off my hands in the Congo.
They lynch me still in Mississippi.

I am a Negro:
Black as the night is black.
Black like the depths of my Africa.

(1922)