Natércia fala a Catarina
Conta-se que Luís de Camões de apaixonou por Catarina de Ataíde. Nos poemas que esta lhe inspirou, aparece com o nome de musa - Natércia (anagrama de Catarina, porque Catarina, na altura, escrevia-se "Caterina"). Neste poema, Ana Luísa Amaral põe a musa a confrontar a mulher de verdade. Um interessante diálogo sobre a vontade de possuir uma identidade própria, de se ser "por inteiro".
Nunca eu por inteiro,
embora a meio,
assim me és:
tu, corpo, de verdade,
eu, na verdade:
nada
Musa, se o for sequer,
ou coisa amada
que se deseja em verso,
mas não morre
Desejo a morte
que tu podes ter,
porque podes ser carne
e sangue, e pele
Eu sou só essa
que sonhou aquele
que entre sonhos
e versos
me sonhou
Reúne-te comigo,
minha amiga,
minha metade
que desejo inteira
E ao teres o dom da fala,
diz-lhe a ele
que eu anseio por ser
o que tu és
Sem desejar ser tu:
inominada
Nunca eu por inteiro,
embora a meio,
assim me és:
tu, corpo, de verdade,
eu, na verdade:
nada
Musa, se o for sequer,
ou coisa amada
que se deseja em verso,
mas não morre
Desejo a morte
que tu podes ter,
porque podes ser carne
e sangue, e pele
Eu sou só essa
que sonhou aquele
que entre sonhos
e versos
me sonhou
Reúne-te comigo,
minha amiga,
minha metade
que desejo inteira
E ao teres o dom da fala,
diz-lhe a ele
que eu anseio por ser
o que tu és
Sem desejar ser tu:
inominada
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