A minha banda sonora:
"E Depois do Adeus" (Paulo de Carvalho; José Niza; José Calvário)
Quis saber quem sou/O que faço aqui/ Quem me abandonou/ De quem me esqueci/ Perguntei por mim/ Quis saber de nós/ Mas o mar/ Não me traz/ Tua voz.// Em silêncio, amor/ Em tristeza e fim/ Eu te sinto, em flor/ Eu te sofro, em mim/ Eu te lembro, assim/ Partir é morrer/ Como amar/ É ganhar/ E perder// Tu vieste em flor/ Eu te desfolhei/ Tu te deste em amor/ Eu nada te dei/ Em teu corpo, amor/ Eu adormeci/ Morri nele/ E ao morrer/ Renasci// E depois do amor/ E depois de nós/ O dizer adeus/ O ficarmos sós/ Teu lugar a mais/ Tua ausência em mim/ Tua paz/ Que perdi/ Minha dor que aprendi/ De novo vieste em flor/ Te desfolhei.../ E depois do amor/ E depois de nós/ O adeus/ O ficarmos sós
"Grândola Vila Morena" (Zeca Afonso)
Grândola vila morena/ Terra da fraternidade/ O povo é quem mais ordena/ Dentro de ti ó cidade // Em cada esquina um amigo/ Em cada rosto igualdade/ Grândola vila morena/ Terra da fraternidade
"Liberdade" (Sérgio Godinho)
Viemos com o peso do passado e da semente/ Esperar tantos anos torna tudo mais urgente/ e a sede de uma espera só se estanca na torrente/ e a sede de uma espera só se estanca na torrente/ Vivemos tantos anos a falar pela calada/ Só se pode querer tudo quando não se teve nada/ Só quer a vida cheia quem teve a vida parada/ Só quer a vida cheia quem teve a vida parada/ Só há liberdade a sério quando houver/ A paz, o pão habitação saúde, educação/ Só há liberdade a sério quando houver/ Liberdade de mudar e decidir/ quando pertencer ao povo o que o povo produzir/ quando pertencer ao povo o que o povo produzir
"Estrela da Tarde" (Ary dos Santos)
Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia/ Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia/ Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia/ Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia/ Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia/ E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria/ Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia/ Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia/ Meu amor, meu amor/ Minha estrela da tarde/ Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde/ Meu amor, meu amorEu não tenho a certeza/ Se tu és a alegria ou se és a tristeza/ Meu amor, meu amor/ Eu não tenho a certeza/ Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram/ Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram/ Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram/ E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram/ Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram/ Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam/ Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram/ E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram/ Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto/ É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto/ Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto/ Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto/ Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!
"Tourada" (Ary dos Santos)
Não importa sol ou sombra/ camarotes ou barreiras/ toureamos ombro a ombro/ as feras./ Ninguém nos leva ao engano/ toureamos mano a mano/ só nos podem causar dano/ espera. Entram guizos chocas e capotes/ e mantilhas pretas/ entram espadas chifres e derrotes/ e alguns poetas/ entram bravos cravos e dichotes/ porque tudo o mais/ são tretas./ Entram vacas depois dos forcados/ que não pegam nada./ Soam brados e olés dos nabos/ que não pagam nada e só ficam os peões de brega/ cuja profissão/ não pega./ Com bandarilhas de esperança/ afugentamos a fera/ estamos na praça/ da Primavera./ Nós vamos pegar o mundo/ pelos cornos da desgraça/ e fazermos da tristeza/ graça./ Entram velhas doidas e turistas /entram excursões entram benefícios e cronistas/ entram aldrabões/ entram marialvas e coristas/ entram galifões
de crista./ Entram cavaleiros à garupa/ do seu heroísmo/ entra aquela música maluca/ do passodoblismo/ entra a aficionada e a caduca/ mais o snobismo/ e cismo... / Entram empresários moralistas /entram frustrações/ entram antiquários e fadistas/ e contradições/ e entra muito dólar muita gente/ que dá lucro as milhões./ E diz o inteligente/ que acabaram asa canções
"Festa da Vida" (Carlos Mendes; José Calvário; José Niza)
Que venha o sol o vinho e as flores/ Marés, canções de todas as cores/ Guerras esquecidas por amores;/ Que venham já trazendo abraços/ Vistam sorrisos de palhaços/ Esqueçam tristezas e cansaços;/ Que tragam todos os festejos/ E ninguém se esqueça de beijos/ Que tragam pendas de alegria/ E a festa dure até ser dia;/ Que não se privem nas despesas/ Afastem todas as tristezas/ Pão vinho e rosas sobre as mesas;/ Que tragam cobertores ou mantas/ E o vinho escorra p'las gargantas/ E a festa dure até às tantas;/ Que venham todos de vontade/ Sem se lembrarem de saudade/ Venham os novos e os velhos/ Mas que nenhum me dê conselhos!/ Que venham todos de vontade/ Sem se lembrarem de saudade/ Venham os novos e os velhos/ Mas que nenhum me dê conselhos!